A amizade x benevolência
A amizade x benevolência
A amizade pode cessar quando a reciprocidade de interesses é desvinculada. Esses fatos ocorrem quando o amante ama o amado visando o prazer, e o amado a utilidade, e nenhum deles possuem as qualidades que deles se espera. Ou seja, nenhum deles amava o outro por si mesmo à vista que suas qualidades não eram duradouras.
Nesse sentido, os desentendimentos ocorrem quando o que as pessoas obtêm é algo diferente daquilo que desejam.
Enquanto a amizade envolve a intimidade, a benevolência pode surgir subitamente, como acontece com os adversários em uma competição. Assim, ela pode ser o início de uma amizade. , do mesmo modo que o prazer o prazer com os olhos é o início do amor. Logo, podemos se aproximam por sentir benevolência uma para com a outra, na medida em que o tempo trará a intimidade para ratificar o amor.
Assim, afirma Aristóteles:
Por uma extensão da palavra amizade, poderíamos dizer que a benevolência é a amizade inativa, não obstante, quando se prolonga e chega ao ponto da intimidade, ela passa a ser amizade verdadeira. Mas não se trata da amizade baseada na utilidade ou no prazer, pois a benevolência não se manifesta em tais condições.
A reta razão
A reta razão é justamente o caráter deliberativo da alma que nos dirige as virtudes, que nada mais são que o meio-termo entre os extremos. Para explicar a natureza da reta razão, Aristóteles inicia o livro VI afirmando que a alma se divide em duas partes: uma racional e outra não racional.
A racional se divide em outras duas partes: a científica[5], que contempla as coisas imutáveis, não sendo esta objeto de deliberação: e a calculativa, que se ocupa das coisas mutáveis, sendo objeto de deliberação. A virtude da primeira será a sabedoria filosófica e a da segunda a sabedoria prática.
Dentre as três coisas que controlam a ação e a verdade na alma temos: a sensação, o pensamento e o desejo. A primeira não é princípio de qualquer ação refletida, mas o desejo está ligado à reta razão. Assim, a escolha só será boa se o desejo for guiado pelo reto raciocínio. Cléo Lopes